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eu, um pônei, duas bisca, uma baranga e a maneira certa de fuder um poste

Eu estava num dia estranho, daqueles que não se deve sair de casa. Qualquer coisa é valida, desde que se permaneça trancado em casa. É um daqueles tipos de comportamentos estranhos que só se adquire depois que o consumo de álcool acha um meio termo correto que permite o sujeito viver em moderada alcolidez. Uma espécie de ímpeto sem sentido que te obriga a ficar se movendo de um lugar para outro. E quando você percebe está indo de uma parede à outra, um ambiente ao outro, como se estivesse procurando algo. E você para e grita com sua mente para que ela pare, mas ela continua te exigindo esse vagar a esmo.

E se você não controla a única saída é botar uma muda de roupa nas costas e sair para ganhar o mundo. Conhecer a vida de amizades fáceis e rapidamente desfeitas. Amizades perpétuas de uma noite só, amores que só duram até a ressaca começar.

Era um dia estranho e um momento estranho para quem tem quinze anos. A vida no ambiente familiar é peculiarmente sufocante e eu não tinha alternativas que não fossem ganhar a estrada e deixar que o mundo me usasse como a poeira que é soprada sobre as casas.

Um dia que não se deve sair de casa, como disse.

Era um domingo, e não havia nada para se fazer, como todos os domingos, desde que os malditos católicos tomaram as rédeas e começaram a cagar regras. Comecei a andar em direção ao nada, passei pelas ruelas marginais da Tindade e segui a rua principal deste triste bairro.

Cheguei onde inconscientemente meus pés queriam me levar. Uma praça. E na praça tinha uma feira. E na feira tinha umas coisas bizarras, tipo freak horror show. A mulher de três seios até que era gostosinha, mas o resto era desinteressante.

Tinha um cara charlatão que dava um prêmio para quem conseguisse domar o pônei mais feroz do mundo. Ele cobrava 1 pila por tentativa e dizia que pagava um milhão para quem conseguisse. Realmente era um pônei bizarro. E para completar o velhaco tinha posto espinhos de metal em todo corpo do bicho. Paguei o um pila e topei a parada. Na hora em que o bicho veio, não tive dúvida, subi em cima do bicho e torci pra não morrer com o cú rasgado.

O bicho regateou, regateou, mas não agüentou meu peso e arregou. Caiu no chão e não se mexia mais. Meu truque suje é que no inverno eu usava uma calça de couro por baixo do jeans para amenizar o frio, e tirando a dor e uns furos na bunda e coxa, consegui me dar bem. O sujeito é, claro, não tinha a grana prometida, e me deixou com o que tinha, uns cem pila e o pônei.

Duas vadias loiras que assistiam tudo logo se assanharam. Me levaram prum canto e disseram que queriam um ménage à quatre: eu, elas e o pônei.

Fomos para uma casinha ali perto caindo aos pedaços. Elas eram universitárias e moravam com mais duas amigas. Pediram para as duas amigas saírem e ficamos os quatro a sós. Elas acenderam um baseado e começaram a fumar e se esfregar em mim e no pônei. Eram feias como o diabo, e nem eu nem o pônei estávamos ficando excitados. Me partiu o coração fazer aquilo com o pobre animal, mas eu precisava de uma fuga. O ar intoxicava com uma mistura de maconha, incenso e bosta do pônei, que se aliviara por ali. Eu tentava justificar para mim mesmo que eu não teria o que fazer com o pônei, ainda assim não acho justo o que fiz com ele e tenho pena até hoje. Desafiei as duas bisca a conseguirem juntas botar todo o treco dele na boca, e enquanto estavam ocupadas tentando pulei a janela e me mandei.

Cheguei no boteco da esquina e comecei a beber todo o dinheiro que ainda estava comigo. Uma certa paz me subiu à mente e aliviou a consciência pelo que eu fizera ao pobre animal. Peguei uma baranga perdida no canto do bar e comecei a pagar-lhe doses de conhaque e lamber-lhe o pescoço. Algumas horas depois eu já tinha conseguido beijar-lhe a boca e lamber um dos mamilos. Ela foi no banheiro e, como demorava, resolvi partir.

Estava a caminho de casa. Já era noite. Mais uma noite perdida. Encontrei um velho bêbado que costumava dormir na rua e ele se propôs a me ensinar seu segredo contra noites perdidas. E eis que vem o momento que todos aguardavam: seu segredo consistia num método preciso e engenhoso. Era preciso achar um posto cujos fios fossem conduzidos externamente por canos de PVC. Em seguida tocar nos canos e nos postes para ter certeza de não haver nenhum vazamento de energia. Depois botava-se um papelão entre os canos e o poste parta evitar ralar o pau no cimento, alargava-se um pouco os canos e botava o pau ali. A sensação era boa. Primeiro uma pressão quase insuportável na glande. Em seguida você abraça o poste e começa com uns beijos. A coisa começa a bombar e a dor passa. E quanto mais a coisa bomba, mais ela força os canos, e mais pressão se sente. Logo a coisa chega num ritmo frenético e em cinco minutos você já está cobrindo o poste com sua própria seiva branca.

Eu me sentia finalmente saciado.

Tirei o pau, limpei-o num jornal tirado do lixo e sentei-me ao lado do velho para bebericarmos. Aquele velho era realmente um gênio. Fui para casa satisfeito e nunca mais passei por outra noite de necessidades, o bom poste estava lá com suas manchas para saciar meu amor.


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