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Bucetas que giram de par em par

O fato é que todo adolescente passa um dia por isso. Sente uma atração irresistível pela mulher que vende churros na porta do colégio e agarra a coroa ali mesmo. Esse foi o caso de Vítor, que ao sair um dia da escola se viu incitado pelo perfume de fêmea que ela exalava e agarrou a coroa ali mesmo, na praça, em frente a todos.

Vítor tinha quinze e Ismênia, a vendedora de churros, ostentava orgulhosa o título de quarentona com peitos de colegial. Um par de coisas duras e rígidas que desafiam de forma inexplicável a gravidade para alguém que quase chegava aos cinqüenta, sem silicone nem nada.

Primeiro ele parou para um papo. Ficou ali, absorvendo as palavras dela só prestando atenção ao som macio da voz de fumante, ignorando totalmente o que ela dizia. Pediu um churros. Depois outro. O papo ia bom e a praça já começava a esvaziar. Não conseguia tirar os olhos da cintura da mulher, do quadril largo, a calça jeans justa uns dois números menor do que devia. O culote. A junção de tecidas na região da vulva.

Vítor andava já há algum tempo obcecado por bucetas. Em breve iria descobrir como era...

Ela já fechava a banca e o movimento na praça era escasso. Ele se ofereceu para ajudar a guardar as coisas na Kombi, e num desses movimentos espremidos de encaixar mesa e cadeira lá dentro, sentiu sua cintura colar na dela e daí perdeu o controle. Abraçou-a com força que, desequilibrada, fez com que ambos caíssem deitados dentro da perua. Ela tentou se remexer e se desembaraçar, mas ele avançou com a bocona aberta lambendo todo o rosto dela e logo ela deixou de protestar e se deixou agarrar pelo efebinho. Afinal já tinha quase dois anos que não arranjava homem, o garoto ia dar pro gasto. Vítor beijava ela enfurecido, até que sentiu uma quentura e depois uma sensação de algo molhado, morno e pegajoso dentro das calças. Logo conseguiu se acalmar e começou a ter noção do que tinha feito.

Olhou para ela, que parecia agora uma velha desprovida de encanto, que o puxova e incitava a fazer mais. Ele se endireitou sentado e se recostou na parede interna do veículo, olhando sério para o teto, tentando descobrir como diabos se metera naquela situação e como diabos sairia dela.

Ela achou que era melhor topar o jogo que o moço fazia no momento. Se recostou do outro e começou a fumar um cigarro. Ele sentiiu um nervosismo e desespero que nunca sentira antes na vida: estava preso ali dentro, não tinha como fugir. E do outro lado do veículo, junto a porta, a mulher se postava fumando como um guardião que vigia uma saída. Ele cometera um crime, acendera uma chama que há muito tempo estava apagada e agora ela não o deixaria sair assim ileso, sem mais nem menos.

Começou a tremer e suar frio. Tentou sondar ela e amenizar o clima com um diálogo. Não sabia o que dizer por isso disse a única coisa que lhe veio na mente:

--- Também foi bom pra você?

--- Ahn??

Ela não havia entendido o que ele dissera. Vítor forçou novamente mas no lugar de palavras somente ar saiu. Começou a gaguejar, soluçar, tremer com mais força e desabou no choro.

Quando viu isso Ismênia se assustou. Os grandes lábios que se contraíam e piscavam mais que luz de boate murcharam e se fecharam. Ficou imediatamente seca como uma lixa. Se deu conta que o garoto era dimenor e começou a ficar com medo. Pediu desculpas, lhe encheu as mãos com as balas que dava de troco e o mandou embora. Onde ela estava com a cabeça para entrar numa loucura dessas?

No outro dia quando Vítor passou por perto meio escondido, não queria que ela o visse, sentia um misto de desejo e repugnância, não a encontrou. Ismênia havia provavelmente mudado de ponto para outro lugar. E nunca mais se viram de novo.


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