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As melhores coisas da idade

Era pouco depois do meio-dia e milhares de pensamentos esvoaçavam em minha cabeça. Mas nenhum deles era o realmente certo. Mas não importa, noventa e três anos é assim mesmo, é uma idade de merda.

Tentei me mover na cadeira, mas desisti.Tenho emagrecido muito ultimamente e as pelancas da carne se grudam na madeira e fica doloroso se mexer. Tentei achar uma melhor posição e dei um cochilo.

É foda, pensei. Todos acham que nesta idade o cara não se interessa mais por mulher. Mas é o contrário, noventa e três é uma idade magnífica nesse sentido, pois toda mulher parece uma menina cheia de amor pra dar. Tem uma vizinha perto dos setenta que vem aqui de vez em quando e ainda é uma flor de formosura. Quando eu finalmente conseguir vencer a resistência daqueles vestidos velhos ela vai ver que nós homens de antigamente é que sabíamos como deixar a coisa dura.

Mas tem que ser no dia certo. Ela não vem todo dia e não é todo dia que o cão véio pega no tranco. Na maior parte das vezes que o treco sobe eu estou sozinho, então tenho que recorrer à memória e aproveitar com uma solitária antes que o vigor passe.

Hoje mesmo eu tive uma oportunidade. Lembrei de um filme que eu vira na adolescência e o bicho subiu com uma força que há tempos não tinha. Afastei a manta de lã do colo, desci o feixe éclair da calça de linho, abri caminho entre as ceroulas, entre as cuecas, arrastei pro canto o fraldão geriátrico e tirei o monstrengo pra fora.

Comecei a bater com empolgação e senti que arfava logo nos primeiros trinta segundos. Fiquei tonto. Uma quentura boa me envolveu e pude ver Marlene Dietrich nua na minha frente como naquela vez em que nos encontráramos na Riviera Francesa. Sonhei com mil carícias e aventuras de capa e espada ao lado das mulheres famosas do cinema, mas quando acordei deparei-me com o treco murcho e morto no meio das pernas.

Guardei-o novamente e tentei me consolar pensando: "melhor assim, guardo para quando eu precisar com mais urgência". É claro que eu nunca me encontrara com Marlene Dietrich, nem estivera nas praias de nudismo da Riviera onde os peitões se expõem ao sol como grandes frutos aguardando o momento da maturação. Comecei a me imaginar passeando pelas praias e colhendo os peitos maduros que reluziam ao sol e cochilei de novo.

Acordei algum tempo depois. O sol ainda não tinha baixado, então acho que ainda era de tarde. Acordei porque me sacudiam e era uma bisneta de quinze anos que cuida de mim e tinha vindo ver se eu já molhara os fraldões.

"Tá seco ainda, bisa" ela disse. E me olhou com aquela cara de safada que todas as moças têm aos quinze anos. Eu gostava quando ela mexia no troçolho de cá pra lá e de vez em quando eu pedia pra ela conferir de novo. Quando a família imcumbiu ela da tarefa ela tinha muita vergonha, mas hoje ela já se convenceu que ali não tem mais vida e mexe com bastante profissionalismo.

Ah, mas essas carnes velhas e maltratadas têm ainda um pouco de vida e de vez em quando o treco fica tão vivo que quase foge das mãos dela. Ela não se importa. Eu finjo que não percebo nem sinto nada. Ela pensa que é algum espasmo involuntário. De vez em quando, quando consigo acabar uma punheta, acabo me esporrando todo e fico sem ter como me limpar. Quando ela vem e percebe o que é aquilo logo reconhece (já está madura essa menina) e logo fica vermelha. Pega um pano e começa a limpar a coisa grudenta ressecada. Às vezes me dá bronca e pergunta o que é aquilo. Eu digo que velho é assim, tem sempre algo vazando.

E depois de limpar ela se vai com aquele corpo perfeito e aquela bunda perfeita dentro da roupa minúscula de adolescente. Eu lembro da minha infância no bananal nos fundos de casa, quando pegávamos bananas velhas e vovó dizia (hoje ela teria 140 anos): "banana murcha não enche barriga, menino". É, eu sei vovó, mas ainda hoje essa banana de vez em quando enrijece.

Então novamente lembro de Marlene Dietrich e Jane Fonda. E quando acordo já é noite e estão me pondo na cama. O treco continua cabisbaixo.


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