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Noite quente vida quente

Eu fedia a suor. Minha roupa estava suja e molhada. Meu estômago revirava, num prenúncio de ressaca. Era quente, pleno verão de janeiro, mas meu corpo tremia de frio no amanhecer. Tudo o que eu lembrava é que, pra variar, tinha ocorrido o de sempre: saí prum bar pra beber, depois de bebâdo fui drogado e prostituído. O de sempre, pra variar... e o pior é que nem sequer lembrava dos lugares, das pessoas ou como tudo ocorrera exatamente, mas o fato é que ocorrera.

Botei a mão no bolso de trás e achei cem pila. Beleza, a noite tinha sido boa pelo visto. Mas nada disso importava, só o que importava é que eu tava bêbado, o dia amanhecia e eu tinha cem pila pra gastar em bebida.

Procurei uma padaria ou mercadinho que já estivesse aberto. Uma hora depois e eu já tava sendo expulso de uma padaria por estar lá bebendo todas no balcão e importunando as clientes. Aquelas safadas compradoras do pão matinal.

Olhava as mulheres sob o sol e todas cheiravam a sexo. Lembrei que estava bêbado, o que sempre fazia parecer que sexo não era afinal tão horrível assim. Aproveitei a ocasião e resolvi dar uma trepada, até mesmo pra lembrar como é que era.

Fui até o apê da Michele. Interfonei:

- Alô?

- Alô, Michele? Sou eu.

- HANK!!

- Não... infelizmente não. Pelo menos não ainda. É Anacreonte.

- Ah... oi Anaca...

- Posso subir aí?

- Pra quê?

- Tô com um litro cheinho de uísque aqui... bem, quase cheio.

- Mas são oito horas ainda, porra. Você tá bêbado?

- Você tá viva?

- Tá bom... sobe.

Começamos a beber, o que acordou a guria com quem ela dividia o aluguel. Praticamente a expulsávamos da casa de tão alto que a gente falava. Tirei a roupa molhada e pus-me a andar de cuecas pelas casa, o que foi a gota d'água pra fazer com que a outra guria resolvesse cair fora... se bem que até que era bem gostosinha também.

Fomos pra cama. Ela mais bêbada que o normal e eu tão bêbado quanto o normal. Servimos um último copo de uísque até esburrar e derramar a bebida sobre nós e a cama. Ela me abraçou e disse "Hank, eu te amo!". "Eu também" respondi abraçando-a, e assim ficamos até pegarmos no sono, sem mexermos sequer um dedo. A essa altura já não tava mais tão bêbado, eu acho, o que me fez mudar de idéia quanto a transar... afinal, sempre se podia deixar o serviço pra depois.


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