Um dia a mais numa vida de desespero
Eu era um maldito miserável. Quinze anos e eu já havia provado do néctar que habita entre as pernas de uma mulher. Desde então passara a dedicar minha vida a conseguir mais.
Já havia mais de ano que eu tivera aquele contato, e há mais de ano eu não tinha conseguido repetir a dose. Andava febrilmente pelos bares noturnos, em busca de mulher ou cachaça que me fizesse acalmar. Era um estado contínuo de desespero, estado que virou hábito.
Aquela noite eu estava decidido a mudar com tudo. Fui no Bar do Hanke. Lá, com certeza, haveria uma vulva caridosa ou uma cerveja generosa para me acolher. Provavelmente a última. Mas não naquela noite.
Chequei lá já bêbado. Eram duas da manhã. Minha cabeça febril cheia de idéias loucas e estranhas. Falta de mulher me tornava um elemento perigoso. Não demorou até que Betsy aparecesse. Porra, só nome estrangeiro nessa merda de conto, mas fazer o quê? Assim é a vida.
Ela tinha um corpo belo. Já meio gorda e velha, mas ainda assim conservava a beleza que o envelhecimento precoce dela turvara.
Foi ereção a primeira vista. (Você, leitor, de estômago fraco, por favor, não continue, pule pra outro conto ou vá fazer outra coisa...)
Betsy já estava louquinha. O nome dela era pra ser Béti, mas devido a uma peculiaridade fonética da região, acabou ficando Betsy mesmo. Ela havia tomado ácido e insistia comigo que a cadeira de metal falava com ela. Sentou do meu lado e conversou por meia hora com o rótulo da cerveja. Eu já queria estuprá-la. Dois anos sem dar umazinha, roupas apertadas nela e suor no meu rosto. Eu estava pra fazer uma loucura quando ela falou:
--- Estou doida pra dar uma trepada!
Fiquei em silêncio: reação um. Reação dois: fiz uma loucura.
Agarrei-a com boca de aspirador sugando suas roupas e chupando seu corpo. Ela gemia e ria na mesa. Hanke, o dono do bar, vomitava num canto. A mulher dele me olhava com tristeza e decepção. Eu chegara ao fundo do poço.
O bar novo tinha um terreno vazio atrás com pedrinhas, e uma casa cheia de quartos pra se levar alguém e dar uma comida. Mas esse não. Esse era o bar velho, onde tudo o que havia eram bananeiras semi-mortas e cabanas de barcos. Descemos pra cabana, joguei-a numa canoa e ali obtive minha primeira doença de foda... mas isso é outra história.
Chupei Betsy como se ela fosse o alívio e salvação por todas as noites da humanidade. Por aquela noite ao menos ela o foi para mim. Só depois de comê-la é que reparei na face inchada, no corpo distorcido e mal formado, no cheiro azedo que saía do meio das pernas dela. Eu sabia que não era o primeiro da noite, mas só então percebia que não era sequer o décimo da noite... eu estava além.
Fechei o zíper como quem solta a lâmina da guilhotina sobre si mesmo. Dois dias depois amanheci com uma febre, ardência no pau e uma dor latejando que me fez acreditar que eu teria que amputá-lo.
Eu estava na seca. Foi uma merda. Mas se eu pudesse voltar, ah sim, eu juro, faria tudo de novo. E quem não faria?
----------x----------
Para ler mais deste autor visite também:
http://uretrite.blogspot.com/
http://br.groups.yahoo.com/group/fonjic/
|