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Frio, fedor e fudido

Com certeza. Se você está deprimido, aqui é o pior lugar em que você poderia estar. É frio, um maldito frio úmido que se entranha nessa ilha todo inverno, e um cheiro que não é lá dos melhores.

Acendo um cigarro por um instante. Maldita fumaça. Em todos os lugares que vamos sempre há um odioso fumante. Aqui há vários, e todos eles espremidos dentro deste bar, tomando suas cervejas amargas, fitando o vazio, revezando-se de tempos em tempos no banheiro imundo do bar. Eu precisava de uma cagada, mas talvez não fosse assim tão mal se eu fizesse a coisa ali nas calças, no meio de todos. Cada um tinha seu problema muito maior para se preocupar do que com um bêbado se cagando de madrugada.

E eu ainda não acreditava que tinha chutado Maria. Cada copo de cerveja que eu tomava tinha o som de seu nome ao descer minha garganta. Cada puta rebolando me lembrava ela. O cinzeiro me lembrava os lábios dela. O gargalo da garrafa lembrava sua buceta, sempre apertada e sempre uma promessa de felicidade.

E eu a chutara.

Olhei pro gargalo da garrafa, tentado, excitado. Não iria caber. Mesmo que eu levasse a garrafa pro banheiro e tentasse com todo o cuidado, não iria entrar.

Uma loira gostosa nos seus noventa quilos de imponência sentou no meu colo e me pediu uma cerveja. Eu estava duro, quebrado. Ela disse que podia me recompensar muito bem se eu fosse generoso e percebi que ela tinha lábios grossos, macios, quentes.

Um boquete não faria mal.

Pus-lhe as mãos nas pernas, sorrindo-lhe. Ela apenas ria e me olhava. Baixei a boca nos peitos e comecei a chupar aquele imensidão infinita. Seus peitos eram maiores que minhas coxas e ela ria sem parar. Maria tinha peitos pequenos.

Virei num trago o resto de cerveja que havia em meu copo e descobri que a garrafa já fora esvaziada pela minha colega. Um cara, sentado do outro lado do bar, nos olhava com raiva. Talvez algum ex-namorado dela, ou algum outro otário que ela agarrara na noite anterior. Deslizei a mão que estava nas pernas até a buceta e enfiei a outra por dentro da calça jeans apertada que ela usava, encontrado outro monte farto de carne espremida. Maria até que tinha um bom rabo, mesmo sendo magra. Em qualquer outro bar já teríamos sido expulsos, mas não ali, não ali.

Convidei-a para ir ao banheiro comigo. Parecia que tinha um século que eu não transava, e talvez tivesse mesmo. Ela disse que isso tinha um preço. Recuei as mãos. Lhe disse:

--- Olha meu bem, eu só tenho mais quinze pila por aqui, e a noite já tá acabando. Já que a noite está perdida para nós dois, que tal se esquecêssemos essas formalidades e comprássemos essa grana toda em bebida para tomarmos lá em casa.

Maria nunca dormia lá em casa, morava com a irmã, que mal a deixava sair de casa.

Ela topou e saímos dali com um saco plástico fedendo a graxa de automóvel cheio de latinhas de cerveja. A noite era fria demais... e se você estava deprimido, aqui era o pior lugar onde você poderia estar. E o cheiro não era dos melhores.

Bebemos até cair e vomitarmos pela casa. Saí pra dar uma cagada, uma diarréia das braba, e quando voltei ela estava apagada num canto do carpete. Peguei três cobertores, um travesseiro e cobri ela, me enfiando depois por debaixo das cobertas. Maria sempre tinha pesadelos quando dormia. Abracei-a, agarrando aquele par de peitões e me grudando bem firme naquela bunda gorda e quente. O dia estava frio, muito frio, e embora já fosse quase oito horas, tudo estava escuro ainda, talvez nublado. Enterrei o nariz naqueles cabelos loiros, sentindo o cheiro de suor, cigarro e vômito, e depois dormi.


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